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7/28/2011

...CONFLITOS DE GÊNERO E PODER

O DEBATE SOBRE A HISTÓRIA DAS ORIGENS DO TRABALHO BATISTA NO BRASIL
Uma análise das relações e dos conflitos de gênero e poder na Convenção Batista Brasileira dos anos 1960-1980.

Tese de doutorado de pastor batista discute gênero em profundidade
Tese do Pastor Alberto Kenji Yamabuchi - Igreja Batista em Vila Gerte em São Caetano do Sul-SP - Universidade Metodista de São Paulo.


 
veja a introdução do trabalho:
"Escrever sobre um tema polêmico, problemático e talvez ainda
comprometedor constitui-se um risco para qualquer autor. Ainda mais quando se
propõe a oferecer uma interpretação não tradicional do problema estudado, que leva
a conclusões que podem incomodar até agora os detentores masculinos do poder.
Essa é a condição desta tese, que analisou as relações e os conflitos de gênero e
poder observados durante o debate sobre as origens do trabalho batista no Brasil,
ocorrido entre os anos 1960-1980 no contexto da Convenção Batista Brasileira.
O debate sobre as origens do trabalho batista brasileiro, que ocupou o cenário
político da Convenção Brasileira daqueles anos, foi protagonizado por duas figuras
com representações sociais distintas: de um lado, o Pastor José dos Reis Pereira, líder
da Convenção Brasileira e do outro, a pesquisadora e jornalista, esposa de pastor
batista, Betty Antunes de Oliveira. Em 1969, a Convenção Brasileira decidiu em
assembléia pela tese de Reis Pereira, que foi, a partir daquele ano, considerada a
narrativa histórica oficial do início do trabalho dos batistas brasileiros.
Não obstante, a discussão sobre o acerto histórico do marco inicial do
trabalho batista permaneceu mesmo após a decisão daquela assembléia convencional
de 1969. Em 1982, porém, os batistas brasileiros privilegiaram a tese de Reis Pereira
quando estabeleceram de forma definitiva a data do marco inicial batista na
celebração do seu centenário no Brasil. Mas, em 2009, a Convenção Brasileira em
assembléia presidida por uma mulher, a vice-presidente Nancy Gonçalves Dusilek,
resolveu repensar a decisão de 1969 e substituiu a tese de Reis Pereira pela de Betty
Antunes de Oliveira, sua adversária no debate.
Quarenta anos foram necessários para que a Convenção Brasileira aceitasse a
validade da tese de Betty de Oliveira e das provas históricas e documentais que ela
apresentou durante as suas pesquisas. Por que isso não foi possível antes? Esta
pesquisa suspeita que Reis Pereira tenha vencido o debate naqueles anos não só por
conta de seu prestígio político na Convenção Brasileira ou pelo argumento
fundamentado na tradicional ideologia batista missionária que ele apresentou em
defesa da sua tese sobre o marco inicial do trabalho batista no Brasil: na verdade,
Reis Pereira envidou esforços para vencer o debate, porque o domínio masculino na
produção do conhecimento historiográfico batista havia sido desafiado por uma
mulher, esposa de pastor. Desse modo, conclui-se que o debate foi, na verdade, um
caso de sexismo, que visibilizou os conflitos de gênero e poder na Convenção
Brasileira dos anos 1960-1980."



O arquivo completo se encontra no endereço abaixo:

7/09/2011

Aloízio Penido: Igrejas devem consagrar mulheres sem retaliação

"Todas as vezes que tentamos interpretar a Palavra de Deus com radicalismo, erramos gravemente porque a Bíblia é um livro contemporâneo e, como tal, precisa ser interpretado à luz da contemporaneidade. A teologia é a mesma, não muda, mas a eclesiologia, os aspectos culturais, os costumes e até mesmo a liturgia devem receber uma nova roupagem e diferente compreensão em tempos diferentes. É isto que torna a Palavra de Deus viva."

Continue lendo no endereço abaixo:

10/08/2010

Uma pastora na lideraça


Obama  nomeia pastora batista para ser embaixadora da liberdade religiosa
Leia mais em:
http://pastorazenilda.blogspot.com/

II encontro de pastoras batistas em 2011


O II encontro de pastoras batistas em 2011será por ocasição da Assembleia da Convenção Batista Brasileira em janeiro 2011 em Niteroi.
Saiba mais no endereço abaixo:

7/30/2010

O MAL DE TER NASCIDO MULHER

Extraido do endereço:
http://pastorazenilda.blogspot.com/2009/01/o-mal-de-ter-nascido-mulher.html

Pra. Odja Barros Santos
Pastora da Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió, Alagoas, repercute a decisão da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil - Seccional Alagoas, de não realizar o Concílio da missionária Cleide Galvão no dia 13 de setembro de 2008. Segundo o pastor Wellington Santos, "mesmo após a realização de entrevista e marcação da data do concílio conforme o procedimento legal.


"Desde o nascimento experimentamos o mal de ter nascido mulher, quando frustramos o desejo do pai e da mãe que esperava menino e veio menina.

"A partir daí, segue-se uma sucessão de experiências sofridas no corpo e na alma, do mal de ter nascido mulher. Nas palavras de Ivone Gebara, as mulheres experimentam o mal de não ter, o mal de não poder, o mal de não saber, o mal de não valer...


"O mal de não poder! Historicamente nós mulheres temos lutado contra esse mal: Não poder estudar, não poder trabalhar, não poder votar, não poder..., não poder..., não poder...


"O mal sofrido pelas mulheres não é apenas aquela violência física, que agride o corpo, essa é logo reconhecida, porém existe aquele mal que se mistura com o bem de tal forma que já nem é mais visto como mal. É naturalizado.


"Nas instituições religiosas, esse mal aparece assim, misturado com o bem e justificado "divinamente" e biblicamente, com afirmações simplistas e pouco aprofundado, como: "Deus fez assim!" ou "está na Bíblia!". Assim vai se perpetuando esse mal que continua fazendo suas vítimas a despeito do Evangelho libertador de Jesus Cristo.


"Jesus foi de encontro às estruturas injustas e patrocinadoras do mal do seu tempo, inclusive as estrutura religiosas. Ele com toda certeza não aprovava as autoridades religiosas que se acreditavam separadas, santas, privilegiadas no ambiente sagrado do Templo e da religião. Estes consideravam as mulheres impuras e por isso as excluíam, mas ao contrário dessas autoridades religiosas, Jesus atraiu as mulheres para seu seguimento devolvendo-lhe poder e dignidade como filhas de Deus feitas à imagem e semelhança do criador.


"É de se lamentar que nem mesmo o exemplo de Jesus de Nazaré não seja suficiente para eliminar esse mal de nossas estruturas religiosas, ele sempre reaparece e se recria.

"Estamos nós hoje, como igrejas batistas em pleno século XXI, perpetuando esse mal na vida de mulheres que são chamadas por Deus para exercer o ministério pastoral, no entanto são impedidas, simplesmente, pelo mal de ter nascido mulher!


"O jogo de empurra-empurra institucional parece ser a estratégia de ação. A Convenção Batista Brasileira reconhece a autonomia da Igreja local em relação à ordenação feminina, mas, a ordem dos pastores batistas do Brasil nega a filiação de mulheres que já foram legitimamente ordenadas por suas Igrejas e proíbe ou inibe as seccionais da ordem nos Estados a participarem de concílios de mulheres vocacionadas.


"A coragem profética de alguns poucos em Alagoas resultou recentemente na ordenação de duas mulheres, mesmo depois da decisão da OPBB em Florianópolis que reafirmou que as mulheres ordenadas não serão reconhecidas e aceitas pela Ordem dos pastores batistas do Brasil. Porém, os ventos que sopram em nossas instituições agora são outros, e numa atitude de absoluto retrocesso e covardia, se recusa agora a realizar o concílio da missionária Cleide Galvão. E, por quê? Se ela tivesse nascido homem resolveria o problema? Se ela fosse homem o seu concílio estaria autorizado? Então, o mal dela foi apenas o de ter nascido mulher?



"Se isso é "ordem"? Honestamente, eu prefiro a des-ordem!"

7/28/2010

Consagração feminina: Por que pensamos como pensamos?



JOSUÉ MELLO SALGADO

Pastor, presidente da CBB
O JORNAL BATISTA - 27JUN10
 http://pastorazenilda.blogspot.com/

No epicentro da eterna controvérsia em torno da consagração de mulheres ao ministério pastoral está a Bíblia. Na verdade uma forma de entender a Bíblia e aplicar o “Princípio Bíblico” da aceitação das Escrituras Sagradas (ou do Novo Testamento) como única regra de fé e conduta, tão caro aos batistas. É possível observar na fundamentação bíblica das posições controversas duas “escolas”, ou tipologias de argumentação: Taborismo e utraquismo.

Israel Belo, no seu “Celebração do Indivíduo”, traz-nos uma excelente compreensão dessas tipologias aplicadas à Teologia moral protestante, evangélica ou batista: “Para entender a Teologia moral, é útil empregar uma tipologia desenvolvida pelos teólogos hussitas do século 15. Os utraquistas entendiam que somente aquilo que a Bíblia proibia expressamente devia ser proibido na vida da comunidade cristã. Mais radicais, os taboritas ensinavam que tudo aquilo que não estava expressamente autorizado pela Bíblia devia ser rejeitado. Lutero era utraquista e só rejeitava o que a Bíblia não aprovava. Zwinglio e os anabatistas em geral esposavam a mesma ideia, apesar de seus conceitos diferentes do que era a comunidade cristã. Calvino era taborita e rejeitava tudo o que não podia ser provado pela Bíblia. Por isto, era rígido na doutrina e na prática. Os anabatistas, embora utraquistas, não eram menos rígidos” (Israel Belo em “A Celebração do Indivíduo: A Formação do Pensamento Batista Brasileiro”).

Taboritas (da cidade de Tabor, na histórica região central da Europa, Boêmia, na República Tcheca) era a facção mais radical dentre os Hussitas, ou seguidores do teólogo pré-reformador rebelde Jan Hus (1372-1415) do século XV, seguidor de John Wycliffe (1320-1384). Utraquistas (do latim sub utraque specie, ou “em ambas espécies”) foi a denominação dada à facção moderada dentre os hussitas, hoje nos Estados Unidos a Igreja dos Morávios. Os utraquistas defendiam que o pão e o vinho deviam ambos ser servidos aos fiéis (daí “em ambas espécies”) e não apenas o pão, deixando o cálice para o clero. Embora taboritas e utraquistas fossem colocados debaixo do “guarda-chuva” hussita defendiam algumas posições teológicas diferentes. É sobretudo na sua teologia moral, no que diz respeito à fundamentação bíblica, que ambos representavam posições opostas que aqui nos interessam como tipologia.

Embora aplicado à teologia moral ou à moralidade, a tipologia hussita dos taboritas versus utraquistas nos ajuda a entender a categoria mental que está por trás da concordância e da discordância quanto à consagração de mulheres para o ministério pastoral e sua tentativa de fundamentação bíblica. Aliás, ajuda-nos a entender o porquê de não conseguimos chegar a um denominador comum sobre essa questão embora ambos os lados afirmem base escriturística.



De tendência taborita, alguns creem que a Bíblia não autoriza de forma expressa, isto é ipsis litteris, a consagração de mulheres ao ministério pastoral. Portanto, a consagração deve ser rejeitada.

A tentativa de encontrar sanção bíblica expressa para a rejeição esbarra na ausência de textos explícitos, sim de aprovação, mas também de recusa. Passa-se então a adotar uma interpretação literalista fundamentada no uso dos artigos definidos masculinos e na ausência de artigos definidos femininos.

O problema é que a expressão “pastor” só aparece uma vez em todo o Novo Testamento (no plural) se referindo aos líderes de igreja, em Efésios 4.11 com poiménas (substantivo acusativo masculino plural de poimen): “E Ele mesmo deu (...) outros para pastores” (conforme o verbete poimen - pastor - no artigo de Joachim Jeremias “a designação dos dirigentes das igrejas locais como pastores” em “Theologisches Wörterbuch Zum Neuen Testament, Band VI”).

A obsessão por uma análise morfológica dos textos bíblicos que identifique o gênero das palavras para assim determinar uma interpretação distinta e exclusivista, masculina ou feminina, para este ou aquele texto, é temerária e ao meu ver insustentável. Na abertura do sermão do monte lemos: “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo ele se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los” (Mateus 5.1-2). A palavra grega mathetai (discípulos) é um substantivo nominativo masculino plural. Se vamos seguir a lógica da hermenêutica do gênero significa que todo o sermão do monte foi direcionado aos 12 discípulos homens. Assim, nada do que está aí escrito é para mulheres, que aliás por aí não podem também ser discípulas! Para obedecer o ide de Jesus, teríamos então que fazer discípulos de todas as nações, mas não de todos os dois gêneros. Outro exemplo está em Mateus 4.19: “Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. A quem Jesus dirigiu esse convite/ordem? Pelo texto bíblico: A Simão e André. Dois homens a quem Jesus comissionou para fazer “pescadores de homens”. Quer dizer que se eu aplico esse texto à toda a igreja, homens e mulheres, estaria, na linha de raciocínio literalista, errando duas vezes, pois estaria atribuindo uma chamada divina feita a homens à mulheres e o que é pior, dizendo a elas para “pescarem” também mulheres quando Jesus estaria dizendo originalmente à homens para pescarem só homens! É óbvio o absurdo do argumento contra a ordenação feminina baseado em artigos definidos nos textos bíblicos, e em interpretação literalista da Bíblia. Bem disse Paulo que a letra mata!


Por outro lado, uma hermenêutica bíblica utraquista parte do pressuposto e da chave interpretativa de que a Bíblia não proíbe expressamente a consagração de mulheres para o exercício do ministério pastoral, sendo portanto autorizado.



Como a categoria mental utraquista não busca encontrar autorização expressa, mas proibição expressa, sua fundamentação está mais nos princípios que em normas, mais no espírito e menos na letra. A posição utraquista buscará fundamentação no princípio da igualdade de dignidade entre homem e mulher. Parte do princípio da igualdade de gênero que obviamente não deve ser entendida como igualdade absoluta física ou mesmo psicológica. Afinal não há um ser humano idêntico ao outro, nem mesmo pessoas do mesmo gênero! A questão envolvida é da igualdade de dignidade diante de Deus e a superação de qualquer inferioridade, incapacidade ou desqualificação para, neste caso, a liderança eclesiástica.

Nós, batistas, concordamos de forma absoluta com o princípio reformador do Sola Scriptura em geral e em particular com o princípio bíblico da autoridade do Novo Testamento em questão de fé e prática. Contudo, à partir da chave hermenêutica taborista ou utraquista, buscaremos autorização ou proibição expressa para convicções e práticas não explicitadas nas Escrituras. Para a satisfação de tal busca temos a presença do Espírito Santo em nós, como se expressou o apóstolo Paulo para fundamentar suas “opiniões” que não encontravam mandamento explícito do Senhor: “E eu penso que também tenho o Espírito de Deus” (1 Coríntios 7.40b). Temos o Espírito Santo de Deus. Temos condições de discernir bem o melhor caminho a tomar.



Não vislumbro possibilidade de consenso entre essas duas categorias mentais interpretativas. Os utraquistas continuarão buscando encontrar proibição expressa, os taboritas continuarão buscando encontrar autorização expressa. Estou convencido de que a Bíblia não tem nem uma nem outra. Como encontrar uma solução?



Os grandes profetas clássicos do século VIII a.C. utilizaram uma fórmula comum para sua pregação: “Assim diz o Senhor”. O judaísmo, entretanto, parece ter subjugado a fórmula profética à uma outra: “Assim diz a Escritura”. Quando, por exemplo, os principais dos sacerdotes e fariseus mandaram os seus guardas prenderem Jesus por causa da pergunta “Vem, pois, o Cristo da Galiléia?” (João 7.41) os guardas não o puderam prender porque “nunca homem algum falou assim como este homem”. Esses líderes tentavam circunscrever a liberdade divina à partir de uma interpretação particular da Bíblia dizendo: “Examina e vê que da Galiléia não surge profeta (João 7.52). Assim subjugaram o “assim diz o Senhor” ao “assim diz a Escritura”. Obviamente essa inversão de primados acaba por lançar em rosto divino a Escritura a partir do método taborita, insinuando que Deus “não pode” o que não esteja expressamente autorizado na Bíblia. Obviamente uma blasfêmia contra os céus!


Tal hermenêutica me lembra também os métodos da Ku Klux Klan (também conhecida como KKK, nome de várias organizações racistas dos Estados Unidos que apóiam a supremacia branca e o protestantismo). Em meus estudos de doutorado na Alemanha sobre o tema do racismo registrei diversas tentativas da KKK de fundamentar biblicamente a sua posição pessoal preconceituosa de serem os negros “biblicamente” menos que humanos e predestinados por Deus para a escravidão e para servirem aos brancos (conforme diz Israel Belo em “A Celebração do Indivíduo: A Formação do Pensamento Batista Brasileiro”). Não creio que a prática hermenêutica dos principais dos sacerdotes e fariseus e da KKK sejam as mais recomendadas para nós batistas brasileiros!


Estou convencido de que o caminho, não do consenso ou da uniformidade, mas da unidade na diversidade, está na volta do primado divino, na pronúncia do “assim diz o Senhor” antes da pronúncia do “assim diz a Bíblia”. Penso que para isso precisamos responder com sinceridade a duas perguntas: Deus é livre para chamar e usar no pastoreio prático do seu povo quem Ele queira e determinou em sua soberania e Graça? Deus tem chamado e usado mulheres para o pastoreio prático do seu povo?

Devemos ou não aceitar mulheres no ministério pastoral batista? Sugiro que perguntemos em humildade a Deus ao invés de continuar buscando fundamentação bíblica para nossas posições já assumidas.

Leia também:
AS PASTORAS E A JUSTIÇA NA OPBB - http://pastorazenilda.blogspot.com/


10/18/2009

Ministério Pastoral Feminino


Texto retirado do site da Igreja Batista Memorial BH

A ordenação de mulheres para o ministério pastoral está em destaque em algumas denominações e timidamente entre os batistas. A consagração de mulheres para o ministério pastoral não encontra o devido respaldo bíblico. Muitas pessoas estão confusas quanto ao que crer acerca do assunto. Já que não sou favorável à ordenação de mulheres devo explicar sincera e cuidadosamente esta minha posição e procedimento.
O preâmbulo dos meus comentários põe em destaque dois aspectos. Primeiramente, exponho aqui uma convicção pessoal, e não deve ser entendida como uma crítica severa sobre o que outros crêem e praticam. Como tantos outros, eu creio na autonomia da igreja local. Sendo uma assembléia, rege-se por leis que não foram criadas por ela. Jesus Cristo, seu fundador é o legislador. Assim, as igrejas fiéis têm a Bíblia e, com especialidade, o Novo Testamento como regra de fé e prática. É em obediência aos ensinos da Bíblia que as igrejas devem exercer sua autonomia não indiferentes e aleatoriamente. Em segundo lugar, devo dizer que tenho a mais alta consideração pela posição das mulheres no serviço de Deus, tanto agora como através da história. No Antigo Testamento, Débora foi uma profetiza e juíza, só para dar um exemplo bastante. Dois livros no Antigo Testamento distinguem duas mulheres no cenário histórico do povo de Israel - Rute e Ester.
No cenário do Novo Testamento constatamos o privilégio das mulheres de receberem o anúncio tanto do nascimento quanto da ressurreição de Jesus em primeira mão. (Luc. 1: 26 - 31; 24: 1 - 10). Desde o seu ministério na Galiléia mulheres devotas seguiram nosso Senhor e finalmente o sustentaram (Marc. 15: 41; Luc. 8: 2 - 3). É importante notar que essas mulheres permaneceram fiéis a Cristo mesmo quando os apóstolos o abandonaram na sua crucificação (Jo. 12: 25).
Nas igrejas primitivas houve muitas mulheres fiéis, algumas das quais foram até mesmo presas por amor à causa de Cristo. (At. 22: 4). Lídia, uma mulher de negócio, desempenhou o maior papel na fundação da igreja em Filipos (At. 16: 14 - 15). Na casa do diácono Filipe, havia quatro filhas que eram profetizas (At. 21: 8 - 9).
Priscila e Áquila eram um casal - marido e mulher. Eles auxiliaram o jovem e entusiasta pregador, ensinando e instruindo Apolo em como melhor servir a Cristo (At. 18: 24 - 26).
Por que então eu não aceito a ordenação de mulheres para o exercício do ministério pastoral? A resposta é simples: é porque, no Novo Testamento este ofício só foi desempenhado por homem. Jesus só escolheu homens para o apostolado, cujos nomes estão registrados nas Sagradas Escrituras do Novo Testamento.
No livro de Atos dos Apóstolos na substituição de Judas, que era contado entre os doze, o apóstolo Pedro declarou que devia ser escolhido dentre eles "homens” que conviveram com Jesus desde o batismo de João até a sua ascensão (At. 1: 20 - 22). A palavra usada para "homens" neste texto é varões α̉νδρών no original grego; uma palavra que designa somente o lado masculino do ser humano.
É de bom alvitre recordar que é a mesma palavra grega, traduzida por varão que sempre serve para designar o elemento masculino do ser humano e não uma palavra com significação genérica: άνθρωπός - homem que envolve tanto o lado masculino como o feminino do ser humano. Por exemplo: o homem pecou, mas Cristo veio ao mundo para salvar o homem, isto é, o ser humano - masculino e feminino. Aqui o sentido é genérico.
É fácil de entender que pela revelação divina, o Espírito Santo não deixou uma abertura para opção na ordenação de homem ou de mulher. O elemento masculino foi sempre o escolhido para a função do ministério pastoral. E isto vigorou como princípio no governo das igrejas primitivas, desde o tempo de Cristo até os dias mais recentes.
Haveria uma discriminação egoísta, pecaminosa e vergonhosa nesse procedimento? Não, de modo nenhum, é uma questão da economia divina na revelação. Não há dúvida que no Novo Testamento as mulheres ocupavam a função de profetiza, de professora, prestaram serviço social, evangelizavam e edificavam o corpo de Cristo tão eficientemente como desempenhavam os homens e ainda são muito operosas neste campo, hodiernamente.
Somente homens foram chamados por Deus para servirem a Jesus nas igrejas como pastores, bispos e presbíteros. Neste tipo de lugar de autoridade só homens foram designados para desempenhar. Eu só constato o fato, mas não sei o porquê. Deus é soberano e isto nos basta. E tudo o que Deus faz é perfeito e redunda para o nosso bem, e neste caso o bem-estar das suas igrejas também. Por causa disso a Palavra de Deus não deprecia o elemento feminino.
No Novo Testamento não há qualquer diferença entre o homem e a mulher no campo da salvação e na obra redentora. Cristo dignificou a mulher, pois Deus não faz acepção de pessoas. Mesmo considerando isso, só homens foram vocacionados e exerceram o ministério pastoral.
A ordenação para o ministério pastoral é o reconhecimento público da responsabilidade de cuidar da obra de Deus nas igrejas, especialmente.
Nos dias do Antigo Testamento havia muitas nações vizinhas de Israel com sacerdotisas, e nem assim, esta posição de serviço religioso foi praticada em Israel por mulher. Nenhuma mulher do povo de Deus levantou sua voz para reivindicar a posição de sacerdotisa; ou que líder religioso reclamou isto para o elemento feminino quer por questão cultural, quer por elegante imitação aos povos mais avançados na época? Aí é bom lembrar que os pagãos engendravam suas próprias normas de vida religiosa, pois seus deuses eram inertes, mudos e surdos, ao passo que Israel pautava sua prática religiosa em obediência à revelação procedente do Deus verdadeiro. No tempo do Novo Testamento havia necessidade de obreiros pastores, havendo mesmo a exortação da parte de Jesus, para que fizessem disso motivo de oração, para que o Senhor enviasse obreiros para a sua ceara. E não ocorre o nome de mulher mesmo daquelas que serviram no sustento do ministério de Jesus, nem alguém como Lídia e Dorcas aparecem no ministério pastoral.
Devemos ser sempre gratos a Deus pelo devotado serviço de mulheres na Escritura, através da história e no presente. Devemos continuar respeitando e honrando as mulheres no desempenho do dom que Deus lhes tem dado. Não será prudente, contudo, desenvolvermos a idéia da ordenação da mulher para o ministério pastoral, porque isso não expressa fielmente o ensino da Escritura. Mesmo numa interpretação inferencial dos fatos não encontramos lugar para o procedimento da ordenação de mulher para o ministério pastoral, pelo contrário.
Alguns levantam uma questão de valor sentimental, quando a preferência é ser fiel ao ensino ao ensino da Palavra. Dizem eles da hipótese de uma missionária nos lugares mais afastados, onde não há pastores por perto; elas podem fazer tudo, para conseguir a conversão de várias pessoas, mas não podem ministrar-lhes as ordenanças. Julgam que isto é uma injustiça para com essas servas do Senhor e que é até hipocrisia dos que conduzem a denominação, na sua interpretação deste assunto.
Pensando bem, uma mulher bem sintonizada com o ensino bíblico nunca se sentiria vocacionada para o ministério pastoral. Então cabe à missionária nas circunstâncias aventadas acima, doutrinar os novos crentes dizendo-lhes que o batismo não salva; o crente é salvo sem batismo, e que se morrer antes de cumprir esta ordenança do Senhor, estará com ele no céu de luz, como aconteceu com o ladrão que Cristo perdoou na cruz. Assim ajudará os novos crentes a terem paciência ao mesmo tempo que comunicará o fato aos líderes da sua junta missionária, para enviar ao campo, de tempos em tempos, um pastor para efetuar batismo e celebrar a ceia do Senhor. O princípio da fidelidade nunca deve ser atropelado por nada. É um axioma da nossa fé. Vale a pena mantê-lo assim como está na Palavra, sem tirar e nem pôr coisa alguma.
Cabe, aos líderes postos nas igrejas, orientá-las com amor e sabedoria. Sabendo que a autonomia da igreja está sujeita à regra de fé e prática já no bojo da Palavra da Verdade. O que resta mesmo a cada igreja e a cada líder é ser fiel na obediência ao ensino de Jesus. Esta fidelidade é até a morte; sempre firmes sabendo que tal atitude não é vã no Senhor. A recompensa não há de faltar aos fiéis.

Pr. José Alves da Silva Bittencourt.
Jornal - O Batista Mineiro 1o trimestre de 2006, página 27.