Já ouvi dizer que os cães se
apegam aos seus donos, e os gatos se apegam às suas casas. Deve ser por isso que existe o ditado: “o
cachorro é o melhor amigo do homem”. Se verdade ou não, nunca vi gatos nas
cabanas que os moradores de rua armam nas calcadas das cidades, mas já vi
muitos cães que os acompanham. E por causa deles enfrentam situações
complicadas.
Tive um vizinho, morador de
rua, que armou sua barraca de lona em um lote vago ao lado de minha moradia. E por
várias madrugadas pudemos ouvir seus gritos chamando por seu cachorro:
__ Totó! Ô Totó! Vem cá.
Fato que muito me surpreendeu
foi o que ocorreu em um fim de tarde, quando ouvi conversas estressadas vindas
do tal lote. Ao chegar à janela vi uma cena interessante. Umas dez pessoas
entre homens e mulheres, todos jovens, gritando com o morador do barraco,
palavras acusatórias de que ele estava maltratando o cachorro. Que se ele não
parasse de bater no cãozinho, iam denunciá-lo por maus-tratos. Quanto mais o rapaz tentava explicar que não
batia no cachorro mais os jovens se alteravam.
Fiquei parada, olhando a cena,
quando três dos homens pularam em cima do rapaz, dando-lhes socos e um empurrão
no peito, jogando-o com as costas no chão. Preparei-me para chamar a polícia. Vendo que ficaram calmos, desisti.
Veja só o contrassenso!
Suponhamos que o cara tenha batido no cachorro. Mas isso justifica três homens
bater nesse cara? Não estaria a preocupação exagerada com os direitos e
proteção do animal, fazendo-os desrespeitar os direitos do ser humano?