Com a força da mulher selvagem, mexi a terra semeei sementes.
Cavei buracos e plantei mudas. Capinei, reguei, podei. Chamei as vizinhas e
compartilhei. Vieram a Creusa, a Raimunda, a Edina. A Custódia e a Cota não vieram, porém o presente delas já floresceu.
Juntas enfiamos nossos dedos enegrecidos no solo estercado
para transplantar aboboreiras e flores perfumadas.
Com nosso trabalho recebemos o prêmio de nos tornarmos inteiras em nossa amizade e nossa paz com a terra. Sentimo-nos indestrutíveis, com nossa alma protegida e renovada. A terra estercada deu à nossa pele uma estranha suavidade, uma capacidade de regeneração. Lá dentro, bem no fundo da nossa natureza instintiva nasceu a liberdade advinda do contato com o elemento da nossa origem física, porque dentro de nós temos o contato com Aquele que nos deu o sopro da alma.
Na nossa plenitude transformamos o que era triste e feio em aprazível
e aconchegante. Despedimo-nos do pedaço de uma rua abandonada e com alegria
exagerada demos as boas vindas ao Jardim Comunitário.
Juntas plantamos, juntas
cuidamos e juntas estamos vendo o crescimento que só Deus pode dar.