Quando em crescimento e aonde cresci as mulheres mães de
bebês amamentavam-nos em público, sem sequer jogar uma toalhinha ou fralda
sobre seu peito. Aquele era um momento sublime, quase um ritual, quando
enfiavam a mão sob o decote, deslizando-a sobre o peito e ao chegar na parte
inferior do mesmo o levantava. E com a ajuda da outra mão que puxava a roupa,
colocava a mostra aquele peito recheado de leite. Nas igrejas durante as missas ou cultos
podia-se ver o desfile de mães orando, cantado e amamentando... Eram Peitos marrons, pretos e brancos. Os que eram brancos ficavam até rosados, exibindo
veias entrelaçadas no seu contorno arredondado daquilo que era uma maravilha
pra mãe e pra filho.
O ato da amamentação no peito era comum e natural. As
meninas brincavam de casinha e em suas casinhas serviam umas as outras, café,
comida e também imitavam as mulheres mães amamentadoras, colocando ao peito
ainda não desenvolvido, futuro armazenamento de leite, suas bonecas, de pano,
de sabugo de milho, de porcelana, de papelão.
Os peitos de uma mulher amamentadora eram vistos de uma
forma diferente. Eram envolvidos em um simbolismo e um significado, que pouco a pouco foi sendo modificado. E um dia,
quando eu já não estava mais lá, soube de um fato ocorrido em uma das igrejas
da cidade. Uma religiosa saída de Salvador ao chegar à cidade, em um dos cultos
de sua igreja teve a infeliz iniciativa
de se levantar de seu lugar caminhar entre os bancos e colocar um lenço sobre o
peito de uma jovem mãe que amamentava seu bebê. O triste é que ela nunca mais voltou a igreja. O mais triste
é que a comunidade não se pronunciou e o puritanismo farisaico (se é que existe
isso) venceu.
O tempo passou e me tornei mãe. Experimentei o que existe de
mais emocionante no mundo: tirar o peito, lindo redondo e enorme; expô-lo ao
mundo e coloca-lo na boca do bebê... Pouco a pouco sentir o leite correr pelos
canais e explodir, às vezes com tanta força que a cara do bichinho ficava toda
molhada. Nesse momento a boca secava e eu precisava desesperadamente de um copo
d’água. Somado a esse prazer estava o
fato de ver dia a dia a criança se desenvolvendo com o alimento saído do meu
corpo. Era um mistério e um milagre.
Muitos homens e mulheres viram meus peitos e nunca me
preocupei se estava por perto algum “tarado”. Porque amamentar em público,
mostrando o peito, era algo cultural pra mim. Parece que o contrário acontece
nas capitais, pois nunca vi na capital onde fui mãe e até hoje moro, uma mulher
tirar o peito e amamentar em publico. Mas já vi muitas saírem com o bebê aos
gritos e se esconderem em alguma sala para amamentar. As mais ousadas tiram o
peito por baixo da blusa e não pelo decote. Para mamar, o bichinho tem que
aguentar uma roupa incomodando seu rosto o tempo todo.
Como mulher e como mãe acho que mães e bebês devem ter a liberdade de
exibirem seus peitos: elas porque são a fonte do melhor alimento do mundo. Eles
por tê-los como sua propriedade, nesse período de suas vidas e pelo privilégio
de terem nascido de uma mãe saudável física e emocionalmente.
Muito bonito. É mesmo lamentável que um ato tão sublime seja hoje , feito "às escondidas", como se crime fosse.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário
Excluir