Na minha caminhada diária, que aconselhada pela endocrinologista, chamo de “meu remédio”, estava eu no calçadão da Avenida Afonso Pena. Quando de repente uma moradora de rua veio em minha direção e disse:
- Bom dia!
- Bom dia! -Parei e respondi.
Ao que a moça, estendendo seu braço direito num gesto de me empurrar para o lado, só não o fez porque saí do seu caminho, disse:
- Não é com ocê.- E passou por mim apressadamente.
Olhei para trás e ela estava pedindo dinheiro a uma senhora, logo atrás de mim, arrumada e com sua bolsa tiracolo. Também, pudera, eu estava com roupa de caminhar, com apenas uma chave na mão.
Fiquei toda sem graça e continuei meu caminho, pensando no significado das palavras e frases. Nem sempre a frase “bom dia” representa o desejo do outro que seu dia seja bom. Em algumas lojas, por exemplo, quando pomos os pés na porta, um vendedor ou vendedora nos diz em voz alta: “bom dia”. Mas esse “bom dia” serve apenas para marcar sua vez no atendimento aos clientes, que é feito por rodizio entre os vendedores.
Durante a caminhada no Parque Municipal vejo alguns caminhantes desejarem “bom dia”.
Agora me pego olhando para trás antes de responder, para me certificar se o “bom dia” é mesmo dirigido a mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário