9/27/2009

A verdadeira riqueza




“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Ap 3.20).


Esta palavra que muitas vezes é citada por muitos crentes, como convite para os não crentes, na verdade foi dirigida originalmente a uma Igreja, ou seja, um grupo de pessoas que se reuniam regularmente para prestar culto, na cidade da Província Romana da Ásia chamada de Laodicéia.
Porque Cristo estaria à porta de uma igreja, batendo e condicionando a sua entrada a que ouvissem sua voz e abrissem a porta? No caso de Laodicéia, uma das sete igrejas destinatárias das cartas do Apocalipse, isto estava acontecendo porque há muito as características da cidade haviam se mesclado com as da Igreja ao ponto de já não ser mais possível distinguir quem era uma e outra.
A cidade de Laodicéia era um grande centro financeiro, uma das cidades mais ricas do mundo de então. Sua riqueza era tanta que quando no ano 61 d.C., a região foi devastada por um terremoto, seus cidadãos reconstruíram-na com seus próprios recursos e dispensaram qualquer ajuda do Império. Confundindo essa prosperidade material com a própria situação, a Igreja laodicense achava que podia dizer - “estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma.” (v.17).
Laodicéia era também um grande centro da indústria do vestuário. Orgulhava-se principalmente pela fabricação de uma espécie de manto de lã violeta chamado trimita, que era tão importante na sua economia que às vezes a cidade era chamada de Trimitaria.
A cidade era ainda um centro médico de grande projeção. Lá fabricava-se um colírio para os olhos que depois era exportado para os mais diversos rincões do Império Romano.
Pois bem, é a esta Igreja que se confundia com cidade em que estava localizada e que por isso mesmo se pensava próspera pelo seu ouro, pelos seus vestidos e pelos seus recursos médicos que Cristo vai dizer: “nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” (v.17). Em outras palavras a riqueza material, a ostentação e a idéia da autossuficiência haviam levado Cristo a afastar-se da Igreja.
Laodicéia tornara-se igreja morna, repugnante, antropocêntrica (v.16). Seus bens materiais, longe de levá-la a uma aproximação com o Senhor, faziam-na cada vez mais distante desta realidade. Não será esta a verdade da vida de tanta gente hoje? Quantas pessoas, igrejas e famílias não estão permitindo que sentimentos de soberba e poder afastem-nas de Deus?
Como em Laodicéia, Cristo está à porta e bate, Ele não desiste de nós. Quando abrirmos as portas, a promessa é maravilhosa “entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (v.20). Isso já aqui neste mundo, porém o melhor ainda está reservado para a eternidade: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.” (v.21).

Pr. Ailton Sudário

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